Como muitas vezes antes estavam ali, os dois curtindo o som que tocava.
Um pouco cansados, procuraram um canto pra descansar mais um pouco antes de voltar para a pista.
Estavam ali, num canto um pouco escuro, perto do bar. Olhavam e falavam como sempre olharam e falaram até aquele momento.
Resultado do cansaço, um se debruçou um pouco sobre o outro. Não houve resistência. Aproximaram-se bem devagar, cada vez mais. Da forma mais natural possível, aos poucos os toques surgiram.
Era como se duas realidades acontecessem ao mesmo tempo. Os dois ali, juntos, ao mesmo tempo em que algo começava, ainda tratavam um ao outro com grande amizade. Comentavam as músicas que tocavam, as cenas que aconteciam ao redor. Agora com os rostos bem próximos, as bocas naturalmente se procuravam, com medo e desejo.
O toque dos lábios foi aumentando, aos poucos. Logo se tornava um beijo forte, carregado de desejo, um querendo sentir todo o gosto do outro, descobriam-se ali, conhecidos de tanto tempo. Ambos desejavam um ao outro, mas só agora surgia a coragem, carregada de muito medo e receio.
E a noite seguiu tão natural, como se assim sempre tivesse sido.
E a noite virou dia, e assim o dia seguiu.
Não queriam mais desgrudar, queriam aproveitar cada minuto possível dessa realidade que parecia tão impossível.
Foram para a casa de um deles, ainda era cedo, ninguém estava acordado. No quarto dele, passaram horas, entre conversas, beijos, carícias. Dormiram juntos, acordaram, Fizeram de tudo, dentro dos limites que a situação permitia.
Já era noite do outro dia. Foram juntos até o ponto de ônibus onde se despediram, morrendo de vontade de continuar tudo isso o mais breve possível.