Desde pequeno eu sempre menti. Fosse pra me safar de ter quebrado o conjunto de copos da minha mãe, ou então pra não magoar algum amigo.
Houve uma época que mentiras eram algo muito comum na minha vida, pelos motivos mais bobos, eram mentiras sem propósito, e (eu imagino) não machucavam ninguém.
A partir disso eu acabei criando o pior tipo de costume: mentir pra mim mesmo. Negar, desviar pensamentos, saber o que era certo e ainda assim não fazer. “Mentir para si mesmo é a pior mentira”, já dizia a música.
Até essa época eu me escondia dentro de mim mesmo, o lado exterior era sempre lindo, era tudo o que os outros esperavam e aceitavam. As coisas que eu gostava mas não eram bem aceitas, ficavam escondidas, recolhido a ouvir tal música no canto do meu quarto, assistir aquele programa quando não tivesse mais ninguém perto.
E assim levei a vida por um tempo, até que tomei a consciência de que estava vivendo em função dos outros. Coincidentemente (ou não) foi a época em que eu me aceitei (ainda que não totalmente). Passei a ser mais sincero comigo e com o mundo, e a vida ficou muito melhor.
Tempos depois conheci o Rafa, ele me descobriu, eu descobri ele, e cá estamos (história para outros posts...). Foi quando eu me aceitei completamente, e a vida não poderia estar melhor.
Mas por trás disso, tem algo que me magoa muito. Para conseguir sair e me divertir com ele, voltei à vida de mentiras. Saídas com “amigos”, “baladas”, “perder o último trem”, dormir na casa de “amigos”.
Ter que fazer praticamente um truque de mágica para sair de casa sem ser visto com aquela jaqueta linda que ele me deu, pois não tenho como explicar de onde ganhei.
São pequenas coisas que vão se amontoando e eu me afundo cada vez mais.
Mas sinto que essa represa vai desabar em tempo não muito longo.